Esta gravura merece reflexão porque apresentamos um mundo fantástico e inverso. Eu explico: Se as letras de um livro, de repente, pudessem levitar como acontece neste quadro, quem (entre o homem e o gato) deveria ficar admirado? Naturalmente, seria o homem, pois tal fenómeno não seria explicável à luz de todas as leis físicas conhecidas da humanidade. Para o gato isso seria pouco mais do que irrelevante. No entanto, na imagem, dá-se o contrário. É o gato que se espanta com tal ousadia por parte das letras, ao passo que o homem tenta apanhar as letras, como quem já presenciou esta cena outras vezes e a considera, pois, "normal".
Palavras? Sim. De ar e perdidas no ar. Deixa que eu me perca entre palavras, deixa que eu seja o ar entre esses lábios, um sopro erramundo sem contornos, breve aroma que no ar se desvanece. Também a luz em si mesma se perde.
5 comentários:
Linda!
Eu, sempre que leio, fico assim com gatos ao lado! :-))
Só que ainda ninguém me pintou...
Abraço
Estará a semear palavras?...
Esta gravura merece reflexão porque apresentamos um mundo fantástico e inverso. Eu explico: Se as letras de um livro, de repente, pudessem levitar como acontece neste quadro, quem (entre o homem e o gato) deveria ficar admirado? Naturalmente, seria o homem, pois tal fenómeno não seria explicável à luz de todas as leis físicas conhecidas da humanidade. Para o gato isso seria pouco mais do que irrelevante. No entanto, na imagem, dá-se o contrário. É o gato que se espanta com tal ousadia por parte das letras, ao passo que o homem tenta apanhar as letras, como quem já presenciou esta cena outras vezes e a considera, pois, "normal".
DESTINO DO POETA
Palavras? Sim. De ar
e perdidas no ar.
Deixa que eu me perca entre palavras,
deixa que eu seja o ar entre esses lábios,
um sopro erramundo sem contornos,
breve aroma que no ar se desvanece.
Também a luz em si mesma se perde.
Octavio Paz
Lo gato, que ouvir as palavras do velho sábio
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